Já na outra lanchonete, Beth sentou-se na areia e curtia a bela vista do rio Renato, com suas águas escuras, frias e turvas, além dos redemoinhos que causavam calafrios, enquanto o namorado tinha ido buscar alguns pasteis para saciarem a fome que teimava em avisar seu estômago.
Em seus pensamentos aleatórios, lembra o motivo de estar morando numa cidade tão longe e pequena: as muitas surras que levava quase que cotidianamente do ex-marido LuÃs. Tinha sorte de ainda estar viva....
O som provocado por galhos e folhas sendo quebrados por passos, mesmo que muito singelos, fez com que Beth voltasse seus olhos para o local do som. Com o coração saltando para fora do corpo, pensa reconhecer, mesmo na escuridão, esta pessoa que tentara apagar de sua memória propositalmente por muito tempo. Entretanto, quando fixa a visão, aquele rosto que provocava arrepios pavorosos, havia desaparecido como se nunca estivesse lá.
- Quando fora a última vez que o vira mesmo? Será que estava tendo um pesadelo ou era vida real?
E as lembranças desagradáveis, mais uma vez fizeram morada em sua mente: a surra que levara após o término do casamento, recusado por ele, a deixara com hematomas pelo corpo todo! Fora colossal!!! Ela sabia que se continuasse o casamento, não viveria por muito tempo e assim, com a certeza de que queria permanecer entre os vivos, fugira na calada da noite, enquanto LuÃs estava perdido em seus sonhos macabros.
Novamente escuta o mesmo barulho e sente aquele cheiro de tabaco com sândalo pavoroso e inesquecÃvel... E na vã tentativa de acalmar-se para tirar os pensamentos que uma pessoa com o emocional em perfeito estado não gostaria de ter, levanta-se para pôr os pés na água, quando...